terça-feira, 2 de junho de 2015

A Morte (The Dead Next Door - 1989) - Cuidado onde coloca as mãos! [Terça Trash]

Ah, é chegada mais uma vez a hora da tosqueira da semana! Apesar de eu ter escrito semana passada que ia tentar deixar mais enxutas as resenhas, recebi uns feedbacks dizendo que tava legal assim mesmo. Então, vamos ver como a coisa anda.

"Como você mata algo que não morre? Pra onde você corre quando eles estão em todos os lugares?"

Essa semana temos "A Morte", de 1989 ("The Dead Next Door", originalmente). O filme é bem caseiro, foi feito por amantes dos filmes trash de zumbis, com ajuda de um monte de amigos e o financiamento de Sam Raimi (enquanto buscava financiamento para o próprio filme, Evil Dead 2), sob os créditos de "The Master Cylinder"! Aí já ajuda né heheh

Sinopse:
Uma epidemia viral revive os mortos de uma região e a população se transforma em alimento dessas criaturas. Só resta o "Esquadrão Zumbi", liderados pelo bravo Raimi deter os mortos, mas tudo piora quando uma nova religião prega que os zumbis não devem ser exterminados.
Trailer:


Ficha técnica:
Título original: The Dead Next Door
Ano: 1989
País: EUA
Direção: J.R. Bookwalter
Roteiro: J.R. Bookwalter
Produção: "The Master Cylinder" (Sam Raimi), J.R. Bookwalter, Jolie Jackunas, Scott P. Plummer, Michael Todd
Elenco:  Pete Ferry, Bogdan Pecic, Michael Grossi, Robert Kokai, ...
Foi todo feito com uma câmera 8mm, e pra quem não conhece, é um tipo de câmera amadora, que usa um filme bem pequeno (daí o nome, um filme de 8 milímetros), gerando muito ruído na imagem quando é ampliado para o tradicional tamanho de 35mm. Demorou 4 anos pra ficar pronto, e apesar dessa "cara" caseira dele, é um bom filme de zumbis.

É importante levar em conta que é um filme trash. O diretor, J.R. Bookwalter, na época tinha 18 anos! Já com ideias de trabalhar na indústria cinematográfica trash, foi quando atuou como figurante zumbi em "Dia dos Mortos" que viu como as coisas funcionavam, e decidiu dar a sua contribuição. As atuações são bem ruins, algumas tomadas são ruins e temos inclusive cenas completamente fora de foco. A trilha sonora do filme foi composta pelo próprio diretor, que não parece ser um grande músico. Tem umas cenas que deveriam mostrar o caos do mundo tomado por zumbis, mas lá no fundo, depois da "horda", tem carros e pessoas passando tranquilamente. Outras coisas que podem ser vistas são alguns figurantes (zumbis ou não), rindo algumas vezes. A iluminação em várias cenas também é bem ruim. Mas todas essas tosqueiras nesse filme em especial, parecem ajudar.


Apesar de várias "falhas técnicas", os efeitos compensam. Tem um monte de zumbis no filme, um monte de sangue, tripas, nojeira, mais sangue, cabeças falsas, atropelamentos, tiroteios, mãos mastigadas, e por aí vai. É de se elogiar o trabalho que tiveram nesse quesito. Claro que também tem uns figurantes zumbis que só tem a cara pintada de preto (por mais bizarro que isso pareça, é verdade), mas tem bastante gore muito bem feito durante todo o filme.

Antes de mais nada, o filme é uma grande homenagem aos clássicos filmes de terror e seus responsáveis. Há muitos personagens com nomes como Raimi, Romero, Carpenter, Savini, King, entre outros. Em uma das cenas, vemos uns soldados assistindo "Evil Dead", e um deles diz pro protagonista (Raimi) que ele deveria ver também, que com certeza aprenderia a matar zumbis. Detalhe: a voz do personagem principal não é a voz do ator, mas sim a do Bruce Campbell, estrela de Evil Dead. O ator, Peter Ferry, até lembra as vezes, com um queixão e umas caretas que faz de vez em quando. Provavelmente o papel tenha sido criado com o "Ash" em mente.


O filme é um clássico e deve ser assistido aos amantes do gênero de filmes de terror trash, em especial os de zumbi. Esse é o público que com certeza vai gostar do filme. Já quem esporadicamente assiste algum filme de terror de Hollywood e acha que "Navio Fantasma" é muito assustador ou demasiadamente sangrento, deve passar longe.

Vamos ao enredo então. O filme inicia com um cientista e sua filha sendo encurralados na própria casa por uns caras (mas não sabemos o motivo), que são atacados por zumbis. Logo em seguida, estamos em Akron, Ohio (a cidade do diretor). Lá, por algum motivo desconhecido, os mortos levantam-se e atacam os vivos.



Aí de início já temos uma cena muito cara de pau. Em uma vídeo-locadora, vemos alguém pegando na prateleira uma cópia de "Madrugada dos Mortos". Ao chegar no balcão, com várias fitas de filmes de terror, vemos que é um zumbi! A cena muda pra fora da locadora, com várias pessoas fugindo desesperadas (e algumas dando risada).







Em seguida, aparece um apresentador de televisão anunciando que os zumbis estão tomando conta de tudo, até mesmo da capital. E vemos os zumbis tentando invadir até a Casa Branca! Durante isso, vão aparecendo os créditos, e muitas cenas de zumbis levando o caos, tomando conta e atacando pessoas. É bem legal, dá a sensação de que tem um monte de zumbi por tudo quanto é lugar mesmo. Tem até uma zumbi (que parece o Michael Jackson em thriller) no telefone!



Na sequência, avançamos no tempo alguns anos, e já vemos o Esquadrão Zumbi em ação. Eles entram em uma casa, no meio de um local infestado de zumbis. Um dos soldados encontra um dos mortos-vivos e dá um tiro na cabeça dele, sem efeito nenhum. Então pega seu facão e decepa a cabeça. O zumbi continua "vivo"! O homem ainda é atacado por outro, mas seus companheiros chegam a tempo e conseguem salvá-lo com a ajuda nem um pouco sutil de uma granada. E aí acontece uma das coisas mais estúpidas do filme: ao se abaixar pra pegar a arma, o idiota enfia a mão na boca da cabeça que ele recém havia arrancado, que por sua vez mastiga e come os dedos do imbecil. E além da sangueira jorrando, ainda vemos a cabeça engolindo os dedos, que já aparecem pelo pescoço cortado. Muito bom!












Richards, o mongolão mordido, prefere ficar lá mesmo pra ser devorado do que virar mais um morto vivo na tentativa de levar ele pra um posto médico, dias de viagem dali. Enquanto isso, Mercer, outros dos soldados, está lidando com um zumbi do lado de fora da casa. Ao se livrar dele, surgem das colinas uma centena de outros. O esquadrão parte dali, indo de volta para Washington.




Chegando no que parece ser o centro de operações do esquadrão, há um tumulto acontecendo, com um grupo protestando pelos direitos dos zumbis!!! Que viagem! Numa das instalações do complexo, cientistas usam zumbis para testar possíveis soros com a cura. Pra isso, eles precisam de exemplares frescos, e transportando uns espécimes mais um idiota morre.





Além de outras experiências malucas, há um zumbi conectado a um sintetizador, falando! E mais uma vez, um idiota é mordido por não prestar atenção em onde coloca a mão! Mas que gente burra, como alguém pode ser tão desatento com zumbis devoradores de pessoas em volta?! Olha o que o cara faz, fica escorado na maca, com a mão bem do lado da cabeça do zumbi! Fazer o quê, esse aí pediu.






Durante isso, um dos cientistas, o Dr. Moulsson, diz que acha que tem como fazer um soro que acaba com os zumbis. Com uma breve explicação sobre o "funcionamento" do vírus, dizendo que ele precisa de carne para se alimentar, e acabaria se auto-destruindo caso não fosse alimentado. Mas com tanta "comida" disponível, isso é inviável. A equipe deve então ir rumo a Akron e achar o soro que um certo Dr. Bow estava estudando.

E antes deles partirem, ainda acontece um ataque de zumbis nos manifestantes "pró mortos-vivos"!



Na sequência, o Esquadrão Zumbi encontra-se em Akron, já encontrando a casa do Dr. Bow. Livram-se de alguns zumbis, e encontram Vincent, que afirma ser um dos únicos sobreviventes da cidade. Ele também diz que há um pastor chamado Jones lá, e que ele faz parte da igreja. Bow está morto, e junto dele acham um diário da filha, Ana, mas não sabem onde ela foi parar.

No outro dia, eles já encontram o soro, e começam a trabalhar em uma nova versão que provavelmente será a cura do vírus zumbi. Ao ouvir isso, Vincent enlouquece, dizendo que isso é errado, que eles não podem acabar com os zumbis. Segundo o pastor Jones, Deus mandou os zumbis, e eles devem seguir seu "trabalho" de purificação. Vincent então pega um facão e mata um dos soldados e foge, mas leva uns bons tiros. Na fuga, é ajudado pelo comandante Carpenter, um personagem que parece saído de Garotos Perdidos.







Chegando na igreja (que na verdade é uma escola! hehe), vemos que os fanáticos religiosos "guardam" os zumbis em jaulas, alimentando-os. O próprio pastor faz isso com o filho dele, Jason. Junto com ele vemos Ana, a filha do Dr. Bow, mas ela age como se fosse filha do pastor Jones. Meio estranho. Ao serem avisados do acontecido, eles vão até a enfermaria ver Vincent, que já está morrendo. Quando ele conta o que os agentes governamentais estão fazendo, o pastor insiste que ninguém deve falar sobre o Dr. Bow com a Ana.




No outro dia, o Esquadrão Zumbi tenta achar o grupo, e vê em um campo umas pessoas com uns zumbis. Ao irem atrás deles, as pessoas fogem, e os zumbis que ficam para trás estão todos com coleiras. Raimi acha isso muito estranho.





Raimi finalmente acha a "igreja", e espiando pelas janelas, presencia um ritual, com direito a sacrifício humano! Em outra janela, vê Jason e Ana, e se liga que ela é a filha do Dr. Bow. Por fim, ainda vê jogarem o corpo de Vincent no porão, pra virar comida pra horda de zumbis que estão lá. Vemos então mais uns zumbis legais, principalmente o que pega um rato pra comer, que tem uma cara bizarra, meio derretida.

Na volta pro carro, vê que seu companheiro Mercer está sendo atacado. Mas chega a ser engraçado o jeito que eles conseguem se livrar dos zumbis. Ele simplesmente abre a porta do carro, entra no carro e parte adiante, mas com direito a zumbi pendurado no carro e atropelamento de cabeça!
















Ana fica indignada com o que tá acontecendo e insiste em perguntar pro pastor qualé que é dele esconder sobre o Dr. Bow. Mas ele não cede e não diz porra nenhuma. Em seguida, de volta ao esquadrão, Dr. Moulsson diz que ACHA que descobriu um soro. Eles precisam de um zumbi pra testar, então a equipe parte em direção da igreja, que é onde todos os zumbis estão presos. Lá eles pegam Jason, o filho do pastor, pra ser cobaia. Mas logo que eles saem, o cientista diz que não vai esperar nada, vai é usar de uma vez em Mercer, que já tá mal mesmo, e ele tem certeza que vai funcionar. O outro cientista não gosta nem um pouco disso.

  



Assim que descobrem que Jason foi levado, os cultistas se armam até os dentes, inclusive levando zumbis em coleiras, pra atacar o Esquadrão Zumbi. Eles cercam o local, e começam o ataque. Mas os soldados, apesar de serem pegos de surpresa, estão melhor equipados. Com uma chuva de granadas, conseguem abrir uma brecha e fugir. Mas acabam deixando Mercer pra trás.





No outro dia, de manhã, eles pretendem invadir a igreja e resgatar Mercer. Mas o pastor Jones e o comandante Carpenter já estavam esperando por eles. Durante a realização de uma "missa", Mercer é pregado no altar, já zumbificado. Jason também está presente.






O Esquadrão Zumbi chega lá metendo bala, acertando o pastor e criando uma correria de todo mundo. Enquanto isso, Dr. Moulsson observa que Jason está se decompondo! Então o soro realmente funcionou! Mas por outro lado, Mercer, que tomou uma dose enquanto ainda estava vivo, virou um "meio morto-meio vivo"! E tá putaço com o cientista, querendo o pescoço dele!





Mercer é libertado, e Raimi pergunta se ele vai embora com eles. Mercer então diz (com voz de Darth Vader): "Não cara, eu sou um zumbi agora. E não importa o que aconteça, só use o soro em algo que estiver completamente morto". E vai atrás de Moulsson pra matá-lo. Enquanto isso, Ana encontra o pastor, que agoniando e babando leite condensado, vai se jogar aos zumbis, servindo de comida, mas libertando todos pra atacar. E o que acontece com Ana é muito sem graça. Simplesmente dizem pra ela que quando o pai dela morreu, ela foi adotada pelo pastor. E então ela é atacada por zumbis. Mas cara, só se ela for completamente retardada mental, porque mesmo que no filme diga que tiveram anos de espaço entre os acontecimentos, ela não era nenhum bebê pra não saber isso. E não tem nada além disso.



Moulsson acha um telefone, liga pra central de operações e passa a receita do soro. Mas enquanto faz isso, Mercer e uma horda encontram ele, que vira guisado, depois de uma conversa besta entre os dois. Pelo menos a cena tem direito a abertura de barriga e arrancamento de língua.






Mercer então vai se despedir dos amigos, mostrando seu troféu, o boné que o Dr. Moulsson nunca tira da cabeça, com o seguinte texto: "Uma vez pensei que estava enganado, mas estava errado!". Parece até fala do Professor Girafales! E fica por lá mesmo, saboreando uma língua fresquinha.


Quem acaba se ferrando é Raimi, que ao sair do local, é atacado e mordido por um zumbi. Sem muita enrolação, eles já aparecem de volta em Washington, onde Raimi está sendo tratado. Mas algo não funciona muito bem, e assim como Mercer, ele vira um super-zumbi!



Na cena de encerramento, vemos Raimi zumbificado indo para o carro, que agora tem um novo símbolo. Não é mais "Esquadrão Zumbi", mas sim "Esquadrão Humano". E parte em sua caranga em meio a um bando de mortos-vivos. Que as pessoas se cuidem!



Enfim, apesar desse final meio bestinha, o filme é bem legal, e diverte, mesmo sendo muito tosco. O enredo tem um monte de coisa metida, como cientistas, cultos religiosos e tudo mais, mas funciona. Só achei o lance da Ana não lembrar quem é o pai dela muito forçado. Se ainda tivessem usado uma criancinha muuuito pequena pra representar ela lá no início do filme, talvez funcionasse melhor. Assistam!

O legal é que atualmente (junho de 2015), tem uma campanha de financiamento coletivo ativa, que serve como pré-venda da edição comemorativa de 25 anos filme, que será lançada em Blu-ray! Pelo visto, terá um monte de extras, além de restauração e transposição pra HD. Tem uma versão dele em DVD, que conta com alguns extras, inclusive um mini documentário sobre o making of, mas eu não consegui achar em lugar nenhum pra assistir esse making of. E tem também a página oficial do filme no Facebook.