terça-feira, 16 de junho de 2015

Redneck Zombies (1987) - Cachaça sabor zumbi! [Terça Trash]

Se alguém precisa de um porquê pra não encher a cara com trago artesanal feito em um barril de lixo tóxico (e radioativo), Redneck Zombies nos dá um excelente motivo. O filme foi produzido em 1987 (alguns sites datam 1989) pela Full Moon Pictures (que já fez coisas como Evilbong e Gingerdead Man) e teve distribuição da lendária Troma (quem tá aqui, já deve conhecer, e se não conhece, vai atrás AGORA!). Foi todo feito em vídeo (foi filmado em VHS!), sendo o primeiro filme nesse formato distribuído pela produtora.


"Viva rápido, morra jovem e deixe um belo cadáver."


Redneck Zombies é daquele tipo de filme que de tão ruim, chega a ser bom. A história é completamente besta, as atuações são exageradas e caricatas, e muito sangue, tripas, gosma e nojeiras, ou seja, divertido como um filme trash dos bons deve ser!

Resenha:
No interior dos Estados Unidos, um barril de resíduos radioativos, cai de um caminhão do exército na floresta. Alguns caipiras dementes encontram-o e usam como parte de sua destilaria. Todos que bebem do licor produzido por eles se transformam em zumbis.
Poster:

Trailer:


Ficha técnica:
Dirigido por Pericles Lewnes
Produzido por Pericles Lewnes e George Scott
Escrito por Fester Smellman
Argumento por Zoofeet e P. Floyd Piranha
Elenco: Lisa de Haven, W.E. Benson, William W. Decker, James Housley, Austin "Amac" McLaurine, Austin "Sexy Man" Brewer
Orçamento estimado de 10 mil dólares
O filme não tem muita enrolação quanto a história, mas apresenta um monte de cenas só pra "encher linguiça" e aumentar o tempo, mais adiante eu mostro. Mas então vamos ao que interessa, o filme!


No início, vemos a notícia de que um barril de resíduos tóxicos radioativos desapareceu de uma instalação militar. Segundo o porta-voz no quartel, o material era inofensivo para os humanos. Já um cientista aposentado afirma que o conteúdo do barril pode representar o fim da vida humana. É assim que somos apresentados ao que pode acontecer no filme, indo direto ao ponto.

Em seguida, aparece uma manicômio, com alguns médicos que estão mais preocupados em jogar golfe que atender os pacientes. E em um quarto acolchoado do hospício tem uma mulher, que não fala nada, pois sofreu um grande trauma, tendo presenciado coisas horríveis. Vemos uns flashbacks com zumbis mastigando gente, que provavelmente veremos novamente depois.








Aí então o filme começa mesmo, mostrando um soldado levando o tal barril de resíduos através de uma região pouco povoada. Enquanto dirige, Tyrone, o soldado, vai conversando, fumando seu cigarro, e reclamando da "missão" que recebeu. Ao oferecer uma ponta de baseado ao seu companheiro de viagem, vemos que é um cachorro de óculos escuros (?!). Mas que porra é essa?! Tyrone perde o controle do jipe no terreno acidentado, e o barril cai, rolando morro abaixo. Preocupado, ele para o carro e corre atrás pra recuperar.







Encontra o barril intacto, mas não tem sucesso em levar de volta pro carro. Isso porque Ferd, o caipira gordão, diz pra ele sair da sua propriedade. Ah sim, ele diz isso apontando uma espingarda pro soldado, que então parte deixando o barril lá mesmo.

Mas Ferd não vai ficar com o material por muito tempo. Os Clemson chegam apontando suas armas (que além de espingardas, também tem um bodoque), e exigem que Ferd os pague pela destilaria deles que o gordacho encheu de tiros. Ferd oferece em troca o barril novinho em folha, pra eles usarem como uma destilaria nova pra fazer quanto goró eles quiserem, pra vender pra todo o vilarejo.




Os Clemson são uma família de completos imbecis. Os filhos, Junior, Jethro e Billy Bob (que prefere ser chamado de Elly May, bem baitolão) parecem retardados mentais e fazem tudo o que o pai deles manda. Ao transportar o barril, Elly May (interpretado pelo diretor do filme) derruba e joga gosma verde pelo produto que eles vão usar pra fazer as cachaças.

Mas como eles acham que é fertilizando, nem dão bola e seguem o baile. Até escutarem a bateção de panela do caminhão do "Homem do tabaco"! Ganham algumas moedinhas do pai e correm pra comprar coisas lá, como crianças indo até o caminhão do sorvete.

O bizarro da história é que o tal vendedor é um homem com a cara aparentemente derretida, tapada por uma máscara de pano que parece uma fronha, estilo Jason em Sexta-Feira 13 parte 2. Além da aparência, ele tem uma voz de monstro, e recita profecias de tempos obscuros em breve, quando todos estarão viciados em suas balas de fumo mas não terão como largar.



De volta ao quarte, Tyrone leva uma mijada de seu superior, que ordena que ele volte e recupere o barril, nem que tenha que levar o exército inteiro pra isso (e ele leva só 2 idiotas).



Sem saber ler, e muito menos suspeitando alguma coisa errada, os caipiras produzem um lote inteiro pra ser distribuído imediatamente. E a nova bebida é verde.



Não muito longe dali, um grupo de amigos está acampando, e preparam algumas drogas pra ficar bem chapados. Nem imaginam o que está prestes a acontecer.



Elly May parte em direção as entregas, e no caminho pega um caroneiro na beira da estrada. Aí foi uma homenagem ao famoso caroneiro de O Massacre da Serra Elétrica. O jeito psicótico, sangue pela cara, câmera pendurada no pescoço e até uma lâmina! Bem, e é isso que ele faz. Entra no carro, fala umas loucuras, tira uma foto e corta o braço do motorista. Ao ser expulso do carro, pega um frasco de cachaça. É o primeiro a provar a receita.




Depois do acontecido, as entregas seguem normalmente, apesar de atrasadas. Uma dupla que fica assistindo um programa de televisão que só aparecem tetas recebe o trago verde e zumbificador.


Enquanto isso, os outros panacas da família decidem provar um pouco da cachaça que fizeram. Aí entra uma das cenas que é só enrolação. Pra mostrar os caras passando mal e a transformação, tem minutos de efeitos toscos e baratos de cor. Uma viagem! Mas além de efeitos toscos de videoprodução caseira, os personagens começam a vomitar sangue, jorrar pus pelos poros, descascar o couro e borbulhar mucosas. Uma transformação digna de cachaça batizada!




Já está amanhecendo, e Elly May continua as entregas! Mais uma cliente recebe, e apesar de reclamar do atraso, imediatamente já toma um gole e serve a mamadeira de seu filho. Caipira bruto enche a cara desde recém nascido!



De volta ao acampamento, o bando se chapou tanto (com direito a cenas com efeitos baratos, do mesmo modo que a transformação dos caipiras em zumbis) que apagou fora das barracas mesmo, dormindo de qualquer jeito. Uma das mocinhas acorda e sai pra dar uma cagada. Só que ela chega no local de destilação da canha zumbi! Sem nem perceber, é atacada e mastigada, além de ter o escalpo arrancado por um dos irmãos zumbis, com direito a olho sugado do crânio.





Uma amiga escuta os gritos e vai em direção, mas chega a tempo de ver a outra sendo consumida. Ao fugir, dá de cara com o gordão, que não tá nem aí pra o que a mulher tá falando, só quer que ela tire a roupa. Logo em seguida, o zumbi chega lá, e o gordão atira a mulher nos braços dele e foge. Mais uma que virou guisado.






Na casa dos Clemson, a mãe já está de cara pela demora de todo mundo em voltar, e com seu porquinho de estimação embaixo do braço, e uma bela frigideira na mão, vai atrás do marido pra tirar umas satisfações.


Na cidade, as entregas continuam. E dessa vez é uma entrega bizarra. Elly May chega na casa do açougueiro, que grita pra ele entrar. Na televisão, passa um programa mostrando galinhas e pintos sendo manejados em um frigorífico. No sofá, um caipira psicopata segura uma mulher amarrada e amordaçada. O entregador acha estranho, mas nem fala nada ao ver o açougueiro aparecer. Um cara gordo portando suas facas afiadas e um avental coberto de sangue. Entrega o produto e vai embora.





Ao acordar, os amigos sentem falta das duas mulheres e saem atrás procurando elas. Logo em seguida, o que encontram é metade de um corpo. "Foi um urso", diz um deles. E aí começam umas brigas. Depois de enterrar o corpo (ou metade dele), as buscas continuam, indo atrás da outra sumida, que talvez esteja viva.

Ao chegar na destilaria, encontram a outra amiga também morta. O desespero toma conta, e aí tem mais briga. Depois que as coisas se acalmam um pouco (com a intervenção de Lisa), um dos caras olha pro barril, vê o aviso de produto radioativo e toda a cachaça feita nele, e descobre tudo que aconteceu! GÊNIO!

Esse mesmo cara é um maníaco por limpeza, passa o tempo todo usando desodorante e escovando os dentes. Ao dar uma "sprayzada" de desodorante, acaba acertando um zumbi que surgiu atacando. O cara acaba morto, e o zumbi tem a cabeça arrancada pelos outros.






Depois do ataque, eles decidem ir pra uma mina que tem ali por perto, pra se refugiar. E carregam o corpo do zumbi com eles. Mandam Bob, o negão que é estudante de veterinária, fazer uma autópsia, mas acontece que ele está em uma viagem de ácido muito louca!

Enquanto abre o cadáver, enxerga muitas loucuras. Enquanto tira o pâncreas, enxerga um tênis, tirando o fígado, enxerga um bonequinho, e coisas assim. Ele quase entra no zumbi, dizendo que lá dentro tem um parque de diversões! E toma mais cena com efeitinhos toscos!








Pelo menos uma coisa resulta dessa autópsia, eles descobrem como acabar com os zumbis. Ele testa um tipo de desodorante em uma das mãos, e nada acontece. E testa o outro desodorante, do maníaco por limpeza, na outra mão, que derrete! Pronto, agora é só "desodorizar" os zumbis por aí!


Tyrone e seus companheiros seguem em busca do barril. Um deles é um soldado muito bichona cheio de trejeitos caricatos e com um lencinho cor de rosa. Eles encontram um dos zumbis, que avança pelo campo. O soldado grita "pare" em diversas línguas, e ao falar em francês, o zumbi para. Qual o sentido disso?!

Bem, aí o soldado resolve ir lá bater no zumbi, mas assim que chega cara a cara com ele, leva uma dentada. O zumbi, que era o caroneiro, ainda pega a câmera e tira uma foto!






Aos poucos, vão surgindo as horas de zumbis caipiras pelo campo. Pelo jeito, todo o vilarejo tomou canha mesmo! Até a velha, mãe dos Clemson, aparece zumbificada comendo seu porquinho.





Quando o soldado bichona vai pro meio da galera achando que vai levar um gang bang, é mastigado. Tyrone foge, mas acaba dando de cara com o zumbi gordão, que o agarra com força, arranca os olhos e ainda explode a cabeça! Tudo isso seguido de um aperitivo, um olhinho recém saído do crânio.







Na tentativa de escapar, os amigos portam seus tubos de desodorante. Pra alguns funciona, mas outros são tão estúpidos que nem um desodorante conseguem manusear direito. Bob, o negão, é atacado, depois de se passar por por morto-vivo mas passar mal ao presenciar um ataque. Lembrei da cena de O Ataque dos Tomates Assassinos, onde um dos agentes infiltrados do governo entre os tomates pede catchup no acampamento, e é descoberto.





O gordinho (que não tem nome, não fala nada, só toma uma garrafa inesgotável de whisky) dá uma surra em vários zumbis, ficando mais forte a cada golada que bebe. Mas ele não dura muito também. O líder da expedição é outro que morre, numa clássica cena de ataque grupal culminando em bipartição da vítima.














Lisa é então a última sobrevivente do grupo, e foge entre os grupos de zumbis, chegando até a casa do Clemson. Lá, ela ainda encontra mais alguns zumbis, e dá um jeito neles com água fervendo, um martelo, um facão, uma colher e uma escopeta. Tá bom né? Tudo isso, claro com um monte de gosma, sangue e gore de maneiras muito legais.











Depois de acabar com a família zumbi, Lisa continua fugindo. Seus amigos seguem sendo devorados pelos zumbis (incluindo o bebê zumbi).





Quando tudo parece que vai finalmente terminar, o zumbi gordacho aparece e ataca! Mas ele não quer cérebro... ele ESTUPRA a mulher! Lisa, pra conseguir fugir dessa, pega um sabugo de milho e enterra na cabeça do gordão, que finalmente cai morto.





Sem mais nenhum pingo de sanidade, Lisa fica atirada no chão, talvez esperando algum zumbi matá-la. Mas quem aparece é o homem do tabaco, que com sua figura grotesca salva a moça e comenta: "são tempos obscuros, esses".

Lisa então aparece no manicômio, como vimos lá no início do filme. E grávida do zumbi!!!




E no quarto ao lado, quem está lá, todo cheio de marcas, sem um braço e uma perna, é o bebum calado, que tinha aparentemente sido devorado. Acho que "ressuscitaram" o personagem pensando em uma possível continuação, e ele poderia ser novamente um bêbado chutador de bunda de zumbi, mas nem vou tentar entender esssa...


E é isso! Fim!

Enfim, é um filme muito tosco, mas que diverte. O nível de nojeira é alto, o que torna mais legal ainda. A trilha sonora é uma pérola a parte, com várias músicas originais inspiradas no filme, seja country ou blues, vale conferir.


Essa versão que eu assisti, que é a "director's cut", começa com um anúncio sendo feito por um zumbi. Ele avisa que o filme mudou de nome depois de ter entrado na justiça, processando pelo preconceito ao chamarem os zumbis de "caipiras". O filme que ele anuncia é "Entidades não-vivas de áreas de populações esparsas predominantemente do sul dos Estados Unidos com uma propensão para o jantar tecido humano".


E tem uma breve entrevista com Lloyd Kaufman, o "cabeça" da Troma, feita pelo sgt. Kabukiman N.Y.P.D., personagem de outro filme da produtora. Lloyd conta como foi que surgiu essa parceria com o diretor de Redneck Zombies, que depois participou de algumas produções da Troma.