quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Contágio - Projeto de TCC

No final da faculdade, tem o temido Trabalho de Conclusão de Curso. Chega o momento de escolher algo que curte pra fazer um trabalho massa, ou então, como alguns fazem, escolher algo barbadinha e se formar na tranquilidade.

Queria fazer um jogo de tabuleiro, mas não conhecia muita coisa diferente, mal sabia da existência dos “modernos”. Já tinha visto alguma coisa visitando o BGG e olhando umas imagens, mas nunca tinha jogado nada além dos clássicos nacionais. Seguidamente jogava War Império Romano e via que poderia ser feito algo mais que aquilo. Além disso, trabalhava com o Rodrigo Oliveira, que 2 anos antes tinha feito um jogo de tabuleiro como TCC, o Batalha Rock n Roll, e que poderia me ajudar.

Durante todo o curso, fiz diversos trabalhos utilizando zumbis como tema. Na hora do TCC, apesar da dúvida entre vários temas, não poderia ser diferente. Então estava definido o projeto: um jogo de tabuleiro de zumbis.

Fui esboçando umas ideias iniciais, com diversos caminhos diferentes. Seria um jogo cooperativo, competitivo, os zumbis seriam controlados por um jogador ou seria algo “automático”?

Nesse meio tempo, criamos um grupo de jogos aqui em Santa Maria, e jogávamos seguidamente alguns jogos nacionais, como Riquezas do Sultão, Risco Total, Torremoto, entre outros.

Pesquisando referências, auxiliado pelo Rodrigo, fuçando o BGG e a Ilha do Tabuleiro, descobrimos a BG-BR lá pelo meio de 2009. Foi o primeiro passo para um caminho sem volta no vício (que alguns disfarçam como hobby hehe) dos jogos de tabuleiro modernos. Logo começamos a comprar alguns jogos e se reunir cada vez mais seguido pra jogar. Nexus Ops foi o primeiro moderno que eu joguei, e Carpe Astra foi o primeiro que eu comprei.

Através da BG-BR (acho que foi com o Fel) eu consegui o contato de um pessoal daqui de SM que tinha participado de algum evento no RJ. Entrei em contato e descobri que era uma gurizada que também estava descobrindo os jogos modernos. Marcamos uma jogatina e juntamos os grupos, que continua até hoje. Todo sábado é sagrada reunião do Carpeta. Atualmente o grupo encolheu, porque alguns foram embora de SM e outros simplesmente não apareceram mais, mas seguimos jogando fortemente.

Bem, voltando ao assunto do tópico, depois de conhecer os jogos modernos e a cabeça explodir com as possibilidades, comecei a lapidar as mecânicas do jogo, que ainda não tinha nome. Nexus Ops havia me surpreendido pela facilidade, simplicidade e bom funcionamento (até hoje é um dos meus favoritos), então fui bastante influenciado por ele. Além disso, jogos de posicionamento de tiles, como Carcassonne, e tabuleiros modulares, como Catan, trouxeram várias ideias interessantes. Na parte de gerenciamento de personagens, além de referência visual, Doom foi de grande valia.

O jogo se passa em uma base militar subterrânea, onde há alguns laboratórios de experimentos biológicos. Coisa totalmente secreta e altamente perigosa. Só que um dia acontece um acidente, e um vírus letal é liberado no local. Muitas pessoas morrem e ressuscitam como zumbis sedentos por sangue. Outros, ainda estão vivos, mas com pouco tempo para conseguir achar a cura experimental e fugir. Aos poucos, a doença vai tomando conta dos que ainda estão vivos e transformando-os também em mortos-vivos. O objetivo dos jogadores é encontrar a cura e matar o maior número de zumbis possível.

Basicamente, a mecânica do jogo são os pontos de ação. Os personagens podem andar, abrir portas, disparar contra um zumbi, vasculhar, entre outras coisas. Para cada coisa que fizer, é necessário gastar um ponto de ação.

Depois de fechar o tema e algumas mecânicas básicas, parti pra parte visual do jogo (que era o que interessava realmente pro trabalho). Juntei várias referências de texturas de metal, ferrugem, sangue, etc, para começar o desenvolvimento.

O tabuleiro é dividido em vários setores, cada um com suas características (luzes, chão, etc), e cada setor tem 21 salas diferentes, todas desenhadas uma por uma. Essa parte deu trabalho, cada sala com manchas de sangue diferentes...


Fazer as peças de setor foi mais fácil, visto que são todas iguais.


Também foi feita uma “moldura”, que é onde ficam as cartas e peças de cada setor.
Nos inventários, foram deixados locais marcados para posicionar os marcadores de munição, vida e outros equipamentos.



Foi feito um tabuleiro para marcação dos turnos, que determina a infecção dos personagens.



As cartas foram trabalhosas para criar, não visualmente, mas o conteúdo. Acabaram sendo feitas meio que de última hora, e algumas ficaram desbalanceadas.



Depois de tudo finalizado, veio a parte de impressão. Não foi uma experiência muito agradável, a gráfica era MUITO longe e fazia em torno de 36°C em Santa Maria nos dias que eu fui imprimir. Pra piorar, no primeiro dia, quando cheguei com alguns setores impressos, depois de cortar percebi que tinham peças com tamanhos diferentes. Deu merda na impressão! Imprimiram tudo de novo pra mim, só que nisso eu já tinha perdido um bom pedaço de papelão, tempo e paciência. No fim, depois de MUITO tempo cortando e várias lâminas de estilete gastas, com a ajuda extrema da minha namorada, consegui acabar tudo. E deu trabalho!


Na apresentação do TCC correu tudo bem, tive que alterar pouquíssima coisa no trabalho teórico e no jogo não precisei mudar nada. Aprovado!


Depois de publicar o jogo no BGG e na Ilha do Tabuleiro, além de “divulgar” em sites e fóruns, recebi vários e-mails de pessoas interessadas em adquirir o jogo, além do interesse de algumas editoras de jogos do exterior. Só que como eu tinha dito, o foco do trabalho foi a parte visual, então ele tem alguns furos de jogabilidade, coisas que estão sendo resolvidas. Alguns sistemas estão sendo mudados, e o jogo está ficando mais divertido e competitivo. E com certeza bem melhor! Algum dia ainda vai ser publicado!







Daria pra fazer um diário do trabalho de desenvolvimento do jogo, foi feita bastante coisa. Mas quem sabe mais adiante eu faço outros posts com maiores detalhes do desenvolvimento...